sábado, 28 de abril de 2012

Carta aberta a Luiz Valério

Caro Luiz Valério,

Há algum tempo nos conhecemos nas assembleias do Sindjus. Eu pessoalmente insisti que você a se inscrevesse para a eleição de delegados sindicais em 2011, em uma atividade promovida pela ASSERTSE, ainda na antiga SEDE.
Nas reuniões da CFT já vi em vários momentos sua paixão pela causa explodir, mas entendo que temperamento é como humor, cada um tem o seu. E respeito.
Durante o processo eleitoral, agora em abril para a diretoria colegiada do Sindjus, vi sua paixão ser externada aqui no Facebook principalmente. Na maioria das vezes nos grupos Movimentação Extraordinária e PCS Já.
Um de seus longos textos tinha um detalhe que comentei. Insisti no comentário. No texto intitulado “Sindjus no comando do piloto automático” você afirmava que só havia um resultado possível para a eleição do Sindjus, a vitória da chapa 2.
Comentei seu texto apenas nesse ponto, externei motivos como o fato de a chapa 2 ser uma chapa em que você e Job, aliados ao PSTU, compuseram com as lideranças do Movimento Pró-Subsídio e que sabemos ter rejeição da maioria dos filiados do Sindjus.
Alertei você sobre sua “certeza” da vitória justamente por saber que a eleição estava apertada, afinal de contas eu ando por todos os tribunais e MP e sei o tamanho de nossos problemas. Você tem a visão míope e encastelada, atribui à atual direção o fato de o PCS não ter sido aprovado ainda, mas a maioria dos servidores sabe que o nosso grande problema para o PCS é o autoritarismo da presidenta Dilma e a subserviência do até poucos dias atrás presidente do STF Peluso.
Eu fiz campanha em sua sala no TSE. Você foi cortês. Mas durante aquela tarde no TSE percebi a divisão ali entre a chapa 2 e a chapa 3 e alguns colegas declararam para mim a preocupação com uma possível vitória da chapa 2, principalmente servidores mais antigos na categoria. Vi também que teríamos no TSE mais votos se tivéssemos tempo de fazer campanha lá. Nossa campanha, por falta de tempo mesmo, foi tímida no TSE.
Outro ponto que você deveria refletir diz respeito à última greve, acho que isso tirou voto da sua chapa. Vários colegas seus ficaram indignados por você ter defendido com tanta veemência a greve e ter entrado para trabalhar por ter assumido uma função comissionada.  Não se pode defender o que não se pretende fazer, Valério. Entendo que a decisão da greve é individual; o motivo para fazer greve é coletivo, mas cada um, individualmente, tem um ou vários motivos para não fazê-la. Respeito o colega que não faz greve sim, tento convencê-lo a fazer, mas não posso desrespeitar o meu colega. O que não cai bem é defender com veemência a greve e não cumprir com a mesma veemência a decisão.
Então, Luiz Valério, por tantos motivos, alguns que evitei usar durante a campanha eleitoral nossa por não querer baixar o nível, como o caso da greve, eu te alertei aqui no Facebook que o “já ganhou” não cabia nessa eleição.
Quero também te pedir que não faça coisas que possam ser consideradas calúnia e difamação, como fez com meu amigo Jailton. Isso não te deu nenhum voto. E você, que é servidor da justiça eleitoral, sabe muito bem o quanto é comum doações pessoais a campanhas eleitorais. Em sua conta corrente mesmo entrou dinheiro de servidores de todo o país, apoiadores do subsídio, para a campanha do Sindjus. Eu também doei dinheiro à campanha do meu amigo Policarpo, por saber o quão difícil é conseguir recursos para campanhas de novos nomes. E sabe por que doamos dinheiro nosso para a campanha do Policarpo? Por acreditar no projeto, na importância de ter um representante nosso na Câmara dos Deputados. Da mesma forma que as doações declaradas na internet à chapa 2, depositadas em sua conta corrente, foram espontâneas. Na próxima eleição eu vou doar mais ainda para a campanha do Policarpo, o que eu puder, dentro de meus limites pessoais e dentro dos limites legais.
Quero te pedir também que respeite os componentes de sua chapa, como o nosso colega Job, que eu tanto admiro. Hoje um dos nomes entre os servidores do TSE mais respeitado é o do Job, não tenho dúvida disso. O Job participou de todo o processo de apuração das eleições, como eu participei. Viramos lá a noite. O Job é um cara que realmente defende o trabalhador. Sabe qual foi a preocupação que o Job passou para mim quando o sol nascia? De que, por ter virado a noite lá, os escrutinadores deveriam receber um valor extra pelo trabalho. Claro que concordei na hora, mas não cabia a mim ou a o Job decidir, mas sim à comissão eleitoral, e não sei se isso foi ou não encaminhado. Mas pense em como o Job, ali trabalhando como fiscal durante toda a noite, é sensível e realmente defende a classe trabalhadora. Mas o que quero registrar é que um colega tão respeitado como o Job esteve lá durante todo o processo de apuração.
Não posso esquecer de citar o Aldinon, que era membro da comissão eleitoral indicado pela chapa 2. Você, Luiz Valério, acha mesmo que o Aldinon é incompetente? Acha que ele não foi capaz de representar a chapa 2 na comissão eleitoral e que não foi capaz de garantir a lisura de todo o processo? O Aldinon foi uma das pessoas mais atuantes na comissão eleitoral, tenho certeza disso. Pergunte a ele, pergunte ao Job. Você optou por não ficar lá e agora pede filmagens. Não peço que confie em mim não, apesar de que eu jamais aceitaria participar de qualquer processo fraudulento, peço que confie no Job e no Aldinon. Peço que confie mais nas pessoas que nas máquinas e tenho certeza de que o olhar das pessoas é muito melhor que as lentes das câmeras.
Por fim, quero pedir que você tenha o cuidado quando acusa de não fazer com que tenhamos que nos voltar contra você. O ônus da prova cabe a quem acusa, seja do que for. Tenho amigos, familiares e dois filhos no Facebook e não quero que eles sejam obrigados a ver circular mentiras que me envolvam, direta ou indiretamente.
Eu avisei que não cabia “já ganhou” nessa eleição. Com aquele pensamento fica sim mais difícil digerir a derrota, mas tem de dar conta de no mínimo respeitar o outro. Manteremos nossas disputas de ideias, mas temos de dar conta de mantê-las no campo político-sindical. Vamos garantir a integridade moral de todos nós, para o bem de cada um e de toda a categoria.

Abraço,

Ana Paula

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